segunda-feira, 9 de agosto de 2010

É necessária uma Revolução? (ensaio)


Ensaio

É necessária uma Revolução?

É necessária. Mas o ideal (apesar de não vivermos no mundo ideal...) seria uma mudança não violenta. Uma mudança gradativa, com a conscientização mediante o processo educacional. Mas a Burguesia continua a cometer os mesmos erros da Nobreza: acúmulo de poder econômico e político, concentração de renda, aumento do 'fosso' entre ricos e pobres, a identificação entre consumo e progresso (é mais privilegiado quem consome mais...), dentre outros. A Burguesia, de fato, não permite uma educação democrática efetiva: o esboço de uma educação para a Democracia direta (fundamental para o Socialismo)

Todas as Revoluções de 'esquerda' que envolveram violência, em fins do século 19 e no século 20, acabaram em contra-revoluções ainda mais violentas – e a vitória dos reacionários. A volta das monarquias e do clericalismo. Mesmo a Revolução Russa, que levou os Sovietes (conselhos de operários e camponeses) ao poder, acabou sendo concentrada e centralizada pelos Bolcheviques. Depois o Estalinismo – nos anos 30 – eliminou os Bolcheviques (aqueles revolucionários de 1905 e 1917) mantendo o poder na mão dos Burocratas da Nomenklatura (classe privilegiada dos 'servidores públicos' filiados ao/ou/indicados pelo PC) que governaram numa espécie de Centralismo partidário, numa sistema econômico estatista que pouco tem de socialismo (muitos denominam tal sistema de CAPITALISMO DE ESTADO)

Depois a Segunda Guerra Mundial, o Estalinismo foi expandido com o avanço das tropas russas no leste da Europeu – atingindo Polônia, Tcheco-eslováquia, Rumânia, Hungria, Bulgária, e países bálticos. Também a Iugoslávia – mas lá a vitória foi dos comunistas locais, não do Exército Vermelho. O povo foi obrigado a seguir um sistema econômico híbrido de capitalismo e de estatismo (dito 'socialismo real') e nunca aceitou tal imposição. Daí a Liberdade ter sido confundida com 'a vida no capitalismo ocidental' (como se as pessoas fossem 'livres' no Capitalismo...)

Assim, evidencia-se que o Socialismo não pode ser edificado pela violência – nem de cima-para-baixo, nem de baixo-para-cima. Não é um sistema que possa ser imposto aos cidadãos – ninguém deve ser obrigado a ser 'socialista' – até porque os 'socialistas' são minoria, são a vanguarda. Os Socialistas precisam educar os cidadãos para o exercício da Democracia direta e o fim da 'divisão social do trabalho' – num esforço que gastará, no mínimo, três gerações (cerca de 40 a 50 anos), quando cada pessoa estará apta a exercer várias atividades – não exatamente 'profissões'. Assim, sem as 'classes' – pois todos trabalham, não havendo 'políticos' nem 'policiais' – os cidadãos resolvem seus problemas sem recorrerem às 'autoridades' (que atualmente somente se preocupam com seus interesses excusos...)
O processo de 're-educação' (para não usar o termo comunista 'revolução') deve manter as conquistas burguesas que afastaram o obscurantismo medieval. Deve ser mantida a divisão de poderes, o mundo laico (positivismo), a liberdade de reunião e de expressão (liberalismo), a pluralidade de estéticas e de opção sexual, etc, e avançando rumo a emancipação dos proletários e camponeses, eliminação do narcotráfico e da prostituição, descentralização dos sistemas de previdência social, distribuição de terras, controle popular sobre as instituições bancárias e financeiras, restrição do uso de automóveis para uso particular (pois é essencial é a melhora do transporte coletivo: trens, metrôs), confisco de bens (mais do que a taxação hipócrita de 'grandes fortunas').

Mas a propriedade particular não poderá ser abolida. Realmente seria 'idealismo' demais esperar que haja uma 'nivelação'. Os meios de produção (indústrias, empresas, siderúrgicas, etc) e sistemas de geração de energia (usinas hidrelétricas, termoelétricas, nucleares, etc) deverão ser gerenciados em forma cooperativa, sem patrão e sem Estado (entenda-se o Estado-nação, burguês). Enquanto, os pequenos negócios deverão até ser incentivados. Padarias, bares, drogarias, lanchonetes, lan houses, tudo isso deverá surgir em maior quantidade – os pequenos negócios precisam gerar empregos. O que não poderá ser admitido é a existência de grandes corporações a explorar a mão de obra – tais como redes de hipermercados, concessionárias, trustes de bebidas, monopólios de transporte coletivo – como temos assistido na atualidade. (1)


Como processo educativo, o socialismo precisará superar duas grande forças: a competição capitalista (a gerar consumo e devastação) e o niilismo. Pois em toda mudança de sistema, há uma grande concentração de niilismo. (Niilismo: imagens de decadência, morte, destruição, cenas apocalípticas, milenarismo, messianismo, etc) O socialismo precisará (ao mesmo tempo!) substituir o sistema competitivo pelo sistema cooperativo e superar a decadência do sistema capitalista (afundado em narcotráfico, vícios, prostituição, comérico de orgãos humanos, tráfico de escravos e mulheres, homofobia, etc) sem deixar lacunas para a anomia e a contra-revolução (que se aproveitará da momentânea fase de transição para fomentar um fanatismo religioso e instalar uma espécie de Fundamentalismo)


O Socialista Revolucionário é aquele que ousa olhar para a frente, para uma ordem construída em cooperação, contrabalanceando o 'individualismo consumista' com um 'coletivismo sustentável', onde todos ganhem, sem prejuízo de terceiros e sem devastação ambiental. Uma ampliação da Democracia representativa – que gera o parasitismo das classes política e administrativa – rumo a uma Democracia direta – exercida pelos próprios cidadãos.



por Leonardo de Magalhaens


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notas

(1)O Capitalismo funciona gerando concentração de renda – as Grandes Corporações – através de Fusões – Monopólios – Cartéis. São os tubarões engolindo (isto é, comprando) peixinhos e engordando. (Tal a ciclópica OCP – de “Robocop The movie” - que compra até órgãos do serviço público, gerenciando a polícia, as prisões, etc)

AmBev : fusão de Antarctica e Brahma – em 1999
http://www.ambev.com.br/
http://pt.wikipedia.org/wiki/AmBev
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Coca-Cola comprou a Columbia Pictures, investiu no Papai Noel
e declarou guerra à Pepsi Cola
http://pt.wikipedia.org/wiki/Coca-Cola#Compra_da_Columbia_Pictures
mais sobre indústria do refrigerante em
http://www.abir.org.br/article.php3?id_article=395
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Fusão de Sadia e Perdigão
http://portalexame.abril.com.br/negocios/impacto-eventual-fusao-sadia-perdigao-469667.html
http://www.investidorjovem.com.br/a-fusao-entre-perdigao-e-sadia
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u568000.shtml
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Pão de Açucar compra Casas Bahia
http://www.estadao.com.br/noticias/economia,pao-de-acucar-compra-as-casas-bahia,476631,0.htm
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u661677.shtml
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Nestlé comprou a Parmalat e agora compra empresa canadense Kraft Food's frozen pizza::::
http://www.google.com.br/#hl=pt-BR&q=nestle+compra+a+parmalat&meta=&aq=2&oq=nestle+compra&fp=c1f044a3a07efcf
http://www.nestle.com/MediaCenter/PressReleases/AllPressReleases/Kraft+pizzas.htm
http://www.marataizes.com.br/noticias/news.php?codnot=266984
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Mais sobre as Grandes Corporações
http://economiasocialistads.blogspot.com/2009/10/chocolates-nestle.html
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