quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Eleições: nem uma nem outro




Eleições: nem uma nem outro


As Elites apresentam seus candidatos à gerência
da ordem estabelecida – a hegemonia burguesa – e
a massa é obrigada a votar no referendo / plebiscito
(‘voto da plebe’) entre a situação e a oposição.

As vozes alternativas são simplesmente silenciadas.
(Ou antes: é dito que não há alternativa.
Ame - o ou deixe-o.)

Percebemos isso no Debate Band de ontem, quando
a candidata da situação – Dilma – enfrentou o candidato
da oposição – Serra – num bláblá televisivo que
simplesmente ignorou os assuntos ECOLOGIA e
REFORMA AGRÁRIA, além de Impostos e
Previdência Social.

Diante de uma Dilma nervosa – e até agressiva – vimos
um Serra frio, até cínico, ao debaterem escândalos mútuos
de corrupção, como loteamento de órgãos públicos por
‘companheiros’ e ‘tucanos’ – seja na Petrobrás, nos Correios,
na Casa Civil. Serra acusa o PT, como se o PSDB não fizesse
a mesmíssima coisa: loteamento partidário das instituições.

Mostram preocupações – e evitam responder questões
polêmicas – com saúde (o tema do aborto nas clínicas públicas),
com a educação (como se não mandassem bater nos professores!),
falam de infra-estrutura (como se investissem mesmo em
aeroportos, usinas, estradas..
.), ou então segurança pública
(como se fossem mesmo acabar com o crime organizado –
o Marcola e o Fernandinho devem ter rolado de rir em suas
acolchoadas celas
...!)

Agora temos um Serra preocupado com o ‘social’ – dizendo-se
criador dos programas assistencialistas pro ‘povão’ – e não
afirmar o programa de privatizações que aprovou quando no
governo FHC – o mesmo governo FHC que ele elogia
a contra-gosto, ou cita apenas para dizer-se lado a lado com
FHC e Itamar, enquanto a candidata é seguida por gente
do quilate de Collor, Sarney, Temer...

O discurso da Dilma – não mais paz & amor – é o mesmo
dos 8 anos do Lulismo – Estado paternal, distribuição de renda,
empregos, ou seja, não é o proletariado quem deve conquistar,
mas o Estado concede aos bons empregados uma chance de
‘subir na vida’ (queremos um país de classe média, ela diz)

A questão do aborto virou uma questão religiosa! Quando é
um tema de saúde pública! Mulheres morrem diariamente
por causa de abortos mal-sucedidos! Mulheres pobres que
recorrem aos açougueiros! Isso nenhum deles diz claramente.
Ficam discutindo normatizações, tabelas de planos de saúde,
com um cascata de números que somente eles entendem!


No mais, precisamos agora conviver com os ‘piedosos’.
Serra é cristão e ecologista de carteirinha.
O frei atesta os princípios cristãos da Sra. Dilma –
precisamos nos referenciar por religiosos enquanto
julgamos viver num país laico!

Desde quando religiosos aprovam ou desaprovam políticos
numa sociedade laica? Se eu disser que sou ateu –
não vou receber votos? NÃO PODEREI SER ELEITO?
Isso aqui vai virar o novo Irã!
Fundamentalismo na cabeça!


Nenhum dos dois! Vamos aceitar a opção dada ao
proletariado? Votar no MENOS pior?

Votar no GETULISMO (disfarçado de Lulismo)
OU no NEOLIBERALIMO (disfarçado de Choque de gestão) ?



Leonardo de Magalhaens

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links para o debate (youtube)

http://www.youtube.com/watch?v=OkRuxAVqABY
http://www.youtube.com/watch?v=gVvV9Z0GnrQ
http://www.youtube.com/watch?v=Rl4aQ-IUdy0&feature=related
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sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Voto de deboche? (ou: Votei no Tiririca)




(Voto de deboche?

ou : Eu votei no Tiririca)

http://www.record.xl.pt/fora_campo/interior.aspx?content_id=466494



Chega de palhaço amador no Congresso.
O povo agora 'soube' eleger um palhaço
profissional – 1, 4 milhão de votos!!!!!!! -
para ocupar um digníssimo assento (de privada?)
no nosso respeitável (sic!) Parlamento.


Sei que fazemos 'piada de português', mas
imagino agora a quantidade de 'piada de
brasileiro' que o pessoal de Portugal está agora
a inventar! Também com os nossos
maravilhosos políticos não podemos esperar
outra coisa!


Ontem percorri uns duzentos metros entre
a minha humilde salinha até a minha seção
eleitoral, num bairro de classe média média,
com nome de padre santeiro, com quantidade
exorbitante de devotos e devotas, todos piedosos,
claro. Percorri os tais duzentos metros e
acabei por atolar numa camada de cerca de
dois centímetros de espessura feita de 'santinhos'
e papéis de campanha. Atolado no lixo eleitoral!
Até de candidatos do PV (que se dizem ecologistas!!)


Ou seja, foi um belo começo de dia eleitoral.
Adentrei o colégio e embarquei numa fila de
cinquenta metros, onde permaneci não menos
que meia hora. Ouvi com atenção os mais diversos
comentários dos eleitores – a maioria eram jovens
e adultos jovens (gente entre 18 e 30 anos) –
sendo que notei apenas três idosos.


Eu meditava profundamente sobre a 'ONDA VERDE'
da candidata Marina Silva – quando ouvi um jovem
de não mais que dezoito anos comentar com a
namoradinha: “A Marina? Pois ela parece mais
a moça que trabalha lá em casa, do que Presidente
do Brasil...!”
Sim, é um absurdo! Mais o mocinho
foi ao menos sincero. Afinal, uma mulher negra,
humilde só pode ser mesmo – na mente de um
menino de classe média média – uma empregada
doméstica!


Mas foi a 'empregada doméstica' que tirou os
votos da 'presidente de 1º turno' segundo o
'salto-alto' dos lulistas. Foi a mulher negra que
era analfabeta até os 16 anos que mobilizou o
discurso ecologista dentro da supremacia
desenvolvimentista-a-qualquer-custo dos
gerentes estatais – lulistas ou não.


Enquanto isso o Serra fica assistindo de camarote –
enquanto os tucanos se recuperam em MG
(Anastasia-Aécio passam Hélio-Patrus) e mantém
o poder em São Paulo (derrotando o Mercadante),
enquanto isso dois-terços (2/3) do Congresso é
renovado com gente ainda pior. (Salvo que nos
livramos – por enquanto – dos 'fichas-sujas')


Pois o Aécio – o 'guru' do Anastasia - mandou um
recado sutil e retórico ao Sr. Lula - “Olha aí,
Lulinha-paz-e amor!
Aqui não, meu rei! Aqui em Minas, as Gerais,
quem manda sou EU! MG é o meu curral,
meu caro Milorde!”
e parece que o Lula agora entendeu! (Enquanto
o lulismo decretava a morte precoce do tucanato!)


E a Marina – agora – vai apoiar quem? A Dilma?
Mas o Par(t)ido Verde não é a Marina. Pois mais
que admiremos a Marina. Os eco-capitalistas
apóiam certamente o Serra. (Ao menos em RJ e SP)
e se a Marina apóia a Dilma -
ex-colega de Trabalho e Ministério – o mesmo não
faz o PV que se aliou a DEM e outros conservadores
em outros colégios eleitorais.


Não se preocupem se temos um palhaço no Congresso.
Mas não tínhamos antes? Não, antes o palhaço era
mesmo... NóS! Nós que acreditamos em
'representantes do povo' assim como achamos que
o ANASTASIA tem alguma 'preocupação social' –
pois quem mantém o sistema Aécio de governo?
As grande construtoras, as grandes mineradoras,
os cartéis que vencem SEMPRE as licitações,
em suma, o EMPRESARIADO, os amados patrões
aos quais agradecemos os nossos abençoados
EMPREGOS!

Agora – em época de trabalhismo-sindicalismo-
peleguismo
– todo mundo fala em EMPREGO PARA
TODOS. Ora, os proletários recebem a 'migalha'
do emprego – pois pior que ser explorado é NÃO ser
explorado! - e se julgam no paraíso –
A CLASSE OPERÁRIA VAI AO PARAÍSO = Lula-LÁ!

E não se preocupem – como diz o mais novo representante
político do país - “Pior do que está não fica!”.
E eu confesso: sou também um abestado.



... após a ressaca eleitoral...


Leonardo de Magalhaens



entrevista com o Tiririca

http://brasilpaisdetolos.blogspot.com/2010/08/tiririca-deputado-federal-que-tal.html


para melhor rir do Tiririca ... ou de nós mesmos
http://www.youtube.com/watch?v=HK4p35wYgXI
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sábado, 2 de outubro de 2010

Errata (p/ Vamos votar no Lula?)

Errata
para o artigo Vamos votar no Lula?


Saibam que eu também faço 'pesquisa eleitoral'.
Das quarenta e três (43) pessoas com as quais conversei sobre
política nas 4 últimas semanas – uma (1) vai votar no Serra,
nenhuma (0) vai votar no Plínio, onze (11) dizem votar na Marina,
e trinta e uma (31) votarão na Dilma.

Ou seja, o Lulismo vai bem, obrigado.


}}} Os dados HOJE já são outros:


Às vesperas das Eleições, das 49 pessoas com as quais conversei
sobre política nas 5 últimas semanas - duas (2) votam no Serra,
duas (2) voltarão no Plínio, treze (13) votam na Marina,
e trinta e duas (32) votarão na Dilma.


Todas as pessoas são das classes média e baixa, sendo um terço (30%)
no nível universitário (estudantes, professores). E os proletários
todos votando no Lulismo - exceto dois estudantes que votam
no PSOL.

Eis o nosso futuro político.


LdeM

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Vamos votar no Lula ?





Vamos votar no Lula?



Nem vou perder o meu tempo valioso a analisar campanhas –
muitos menos de Serra, Marina e Plínio. Digo 'campanha',
não 'pessoas'. Eleição não é escolher 'pessoas' – ah,
porque fulano é bonitinho, engraçadinho, simpaticíssimo
ou não! - é escolher 'programas políticos' ou melhor,
grupo político.

Pois bem, hoje entre os intelectuais (principalmente os
de Esquerda) a questão é : votamos ou não na candidata
do Lula?

Saibam que eu também faço 'pesquisa eleitoral'. Das
quarenta e três (43) pessoas com as quais conversei sobre
política nas 4 últimas semanas – uma (1) vai votar no
Serra, nenhuma (0) vai votar no Plínio, oito (11) dizem votar
na Marina, e vinte e oito (31) votarão na Dilma.
Ou seja, o Lulismo vai bem, obrigado.

Dizem que é 'votar no menos pior', que Serra é retrocesso.
Esquecem que o Serra = PSDB, e PSDB = FHC, que
montou a política econômica que o PT = Lula segue,
acrescentando o sindicalismo – peleguismo agregado à
máquina estatal . Que o PT segue a 'social-democracia' (sic)
do PSDB/FHC – a ponto de Marina (sim, ela saiu do PT!)
discordar e embarcar no eco-capitalismo do PV.
A Marina que não tem 'base política' – o que é evidente -
nem entre os eco-capitalistas – quem diria! Pois os
nossos bons eco-capitalistas estão divididos entre Serra
e Dilma, sendo que o social-capitalistas – vide o José Alencar,
patrono do sistema S – adestramento de futuros operários
para o Mercado todo-poderoso! - apóiam o pró-Lulismo.

Como podemos perceber, o PSDB está mesmo sem discurso.
E justamente o PSDB que tem o Programa de Partido mais
bem articulado e redigido! Já tive a oportunidade – de há
cinco anos atrás – ler os programas partidários do PMBD,
PT, PDT, PSDB e PV – e de todos o mais bem redigido,
coerente, coeso, que suporta todos as críticas de um
professor de 'análise de Discurso' é o programa do PSDB.
Mas na prática... a coisa muda.

No poder, os partidos tendem a ir para a direita. Assim,
o social-democrata PSDB, no governo, é NEOLIBERAL.
O trabalhista PT, no governo, é SOCIAL-DEMOCRATA.
E se os marxistas – PCB, PC do B, PSB, PDT, PSOL,
PSTU, PCO chegassem ao poder seriam apenas
TRABALHISTAS !

Ou seja, a Esquerda da oposição é a Direita no
governo
. Por que? ora, quem mandam são as Elites –
não os gerentes que se alternam! As Elites do Exército,
as Elites do Agronegócio, as Elites da Mídia, as Elites
do Jurídico, as Elites da Intelectualidade, ou seja,
as Elites que preservam os próprios privilégios.

Votar no Lula é votar no Grande Pai que vai nos
adestrar para o trabalho exploratório do Sistema – e
os Donos do Poder (quem já leu Raymondo Faoro?)
agradecem. Votar no Lula, no Serra, é o mesmo.

Agora, há quem vote na Dilma? Mas quem é mesmo
a Dilma? Salvo alguns poucos que a conheceram na
época da Resistência armada, não sabemos quem
é Dilma – a eminência parda por trás do governo
Lulista – assim como o Anestesia no governo Aécio.
Dilma é apoiada por Lula – pronto, eis que
sabemos tudo! (Ela podia muito bem assumir
o passado e não ficar abafando boatos...)

Personalismo por personalismo, votaremos no
mais midiático
. Pois é a Mídia quem fascina este
país de iletrados – de repente, todo mundo é
espírita, porque estreou um filme sobre 'mundo astral'!
E assim, vai. Maria vai com as outras. Vou votar na
Dilma-Lula – ou na Dilmasia – que o eleitorado é tão
louco que vota em PT e PSDB ao mesmo tempo (!) -
acende vela pra Deus e pro Demo (!) - sim, vou votar
na Dilma pois todo mundo está mesmo... votando
na Dilma!

E que o pai Lula nos abençõe!

Por Leonardo de Magalhaens
...
mais sobre o fenômeno socio-político-cultural
Lulismo Varguismo Chavismo Peronismo

alguns links para os textos de
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Demetrio Magnoli
http://artigosenoticias.blogspot.com/2010/09/cemetrio-magnoli-ogro-sim-senhor.html
http://portal.pps.org.br/portal/showData/180818
?(PPS)
??Partido Popular Socialista: popular? socialista? Mero discurso!
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lulismo : não extremismo :::
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sábado, 11 de setembro de 2010

O Nacional - Estatismo (texto de Daniel Aarão Reis)

Saudações!
Afinal, Cuba é socialista ?
Agora que o comandante Fidel está a declarar que o 'modelo cubano' não serve nem para a própria Cuba, e Wall Street está soltando foguete! vamos ter que pensar - e pensar muito! - se o que ocorre - ou tentaram criar - em Cuba é mesmo onosso esperado Socialismo (que muitos julgam apenas como mais um itemno longo catálogo das Utopias, e novamente Wall Street agradece...)
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Será capitalismo de Estado? estatismo centralismo populismo? rótulo é o que não falta. O professor Daniel Aarão Reis adota o termo NACIONAL -ESTATISMO. Para quem ainda não leu a obra do Reis, eu logo informo que o pensamento político ideológico do Professor se pauta mais pelo socialismo cooperativista,uma mescla do que há de melhor nos pensamentos socialista e anarquista.
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Vamos então dar um minuto de atenção ao interessante texto do Autor.

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Sobre a declaração do líder cubano Fidel Castro
Ver
http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/reuters/2010/09/08/fidel-castro-diz-que-modelo-economico-cubano-nao-funciona-mais.jhtm

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Uma cultura política: o nacional-estatismo

Daniel Aarão Reis, O Globo, 11/04/10
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Nas últimas décadas do século passado, transformações consideradas inexoráveis, como o processo de globalização, o declínio do Estado do Bem-Estar Social e a desagregação do socialismo soviético apontavam para o fim do Estado Nacional, um anacronismo. Restava apenas o necrológio.

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Entretanto, certos processos históricos em nosso continente, como o da Venezuela e o da Bolívia, sem falar no surpreendente desenvolvimento econômico da China, recolocaram na ordem do dia esta cultura política que parecia morta e enterrada: o nacional-estatismo.

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Trata-se de uma longa história.

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Desde o início do século XX, na Ásia e no mundo muçulmano, nas brechas criadas pelas rivalidades das grandes potências, surgiram concepções que defendiam a ideia de um forte Estado nacional como condição de emancipação econômica e independência política. Sun Yat-sen, na China, e Mustafá Kemal, na Turquia, tornaram-se pais das respectivas pátrias, reconhecidos até hoje, por terem liderado tais perspectivas.

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Em nosso continente, e pelas mesmas razões, Getúlio Vargas, Juan Perón e Lázaro Cárdenas, no Brasil, na Argentina e no México, respectivamente, transformaramse em grandes figuras históricas nos anos 1930 e 1940.

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Nos anos 1950, outros movimentos, mais radicais e com crescente participação popular, confirmariam o vigor do nacional-estatismo. A revolução boliviana de 1952, a tentativa revolucionária na Guatemala, em 1954, as propostas do último governo Vargas (1951-1954) e, finalmente, a revolução cubana, em 1959, foram marcos desta nova onda nacionalista, na qual poderia também figurar o programa pelas reformas de base no Brasil, entre 1961 e 1964.

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É verdade, Cuba tornou-se um país socialista. Mas a revolução, quando vitoriosa, era essencialmente nacionalista — o programa, as bases sociais e a maioria das lideranças, inclusive Fidel Castro. Em perspectiva histórica, pode e deve ser reconhecida como ala extrema de um processo que, desde os anos 1930, mobilizou e convulsionou o continente. Aliás, se o foco de análise se amplia, pode-se dizer que no período posterior ao fim da II Guerra Mundial, até meados dos anos 1970, no então chamado Terceiro Mundo, o nacional-estatismo viveu uma época de ouro.

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Quais as características mais importantes desta cultura política?

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Um Estado controlador e intervencionista, quando não, ditatorial. Políticas públicas desenvolvimentistas e mercado regulado. Movimentos ou partidos, aglutinando diferentes classes sociais em torno de ideologias nacionais e de lideranças carismáticas, baseadas em alianças concertadas, ativas e conscientes, entre Estados, empresários privados e trabalhadores.

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Esta cultura política suscitou a oposição de forças poderosas e heterogêneas, de direita e de esquerda. As direitas, cosmopolitas e liberais, não podiam senão se opor às propostas nacionalistas e estatais. As esquerdas socialistas e comunistas, embora favoráveis a muitos aspectos do nacional-estatismo, competiam com ele pela liderança dos trabalhadores urbanos e rurais. Diferentes motivações, portanto, formariam uma verdadeira santa aliança contra o inimigo comum a ser abatido.

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Sob o conceito vago de populismo, construído por uma certa sociologia paulista, todas estas forças tentaram, então, apresentar o nacional-estatismo como um projeto malsão por natureza, manipulador e corruptor. Virou quase um senso comum a associação dos líderes populistas ao que de pior existe nos costumes políticos: demagogia, mistificação, desvio de dinheiros públicos.

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Assim, e em grande medida, o golpe de 1964 foi dado para eliminar o populismo. Da mesma forma, as esquerdas revolucionárias, no pós-1964, estavam convencidas que o populismo entrara em colapso definitivo, destinado à lata do lixo da História.

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Mas não foi isto que ocorreu.

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Ainda sob a ditadura, o governo Geisel retomaria em grande estilo as orientações nacional-estatistas. Depois da restauração democrática, ao longo dos anos 1980 e 1990, o nacional-estatismo, defendido por várias forças de esquerda, resistiria ao vendaval do liberalismo triunfante. Sua força atual no mundo, nas Américas e no Brasil, favorecida agora pela grande crise de fins de 2008, evidencia raízes, interesses e bases sociais que é necessário menos apostrofar, e mais e melhor estudar e compreender .

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Mesmo porque, neste ano de 2010, as campanhas eleitorais de Dilma Rousseff e José Serra, para não falar nos demais candidatos, irão mostrar, ainda uma vez, que a cultura política nacional-estatista permanece bem viva e será um elemento essencial nas disputas políticas dos próximos anos.

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DANIEL AARÃO REIS é professor de História Contemporânea na Universidade Federal Fluminense.

Fonte: http://www.eagora.org.br/arquivo/uma-cultura-politica-o-nacional-estatismo/

sábado, 28 de agosto de 2010

Capitalismo - uma história de amor




Nós amamos o Capitalismo!



O novo documentário do diretor norte-americano Michael Moore
é outra porrada no estômago da WALL STREET, o lugar
que decide os nossos futuros diariamente, lá onde habitam
o Seres Excelsos que governam nossas vidas, regulam nossos
consumos, inventam novos produtos, nossos portáteis,
novos aplicativos.




No filme, Moore desenrola uma fita amarela de cenário do
crime em torno do quarteirão da Wall Street onde estão
companhias financeiras cúmplices no colapso da economia
em 2008, as quais desde então têm sido as beneficiárias de
salvamentos de muitos milhares de milhões de dólares do governo
dos EUA. Ele tenta efectuar uma "prisão" dos chefes criminosos
destas corporações. Também identifica um certo número de
políticos democratas e seus nomeados que foram cúmplices
dos republicanos de Bush-Cheney neste roubo "à luz do dia"
do tesouro nacional dos EUA por conta dos seus
patrões bilionários da Wall Street.



Todas estas cenas são intelectualmente instigantes e
proporcionam algum "ar fresco" de verdade à população
dos EUA anestesiada pelo álcool, pelas drogas receitadas
e as de rua e por uma TV estupidificante orientada
pelo monopólio capitalista dos mass media.



Vejam o trailer
(english com legenda)
http://www.youtube.com/watch?v=1tI1RTAQc2M

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O cidadão é dominado por um sistema de finanças e
livre capital que cria a si mesmo e voltiza a cada
explosão de uma 'bolha especulativa' – e depois
dizem que vivemos num 'mundo livre', democrático
onde o cidadão tem direito e deveres, e pode decidir
sua vida através dos votos em eleições livres (isto é,
um 'jogo de cartas marcadas' onde somente
vencem os novos gerentes da mesma ordem estabelecida)


Somos educados numa cultura de consumo justamente
para manter a Máquina bem azeitada, as engrenagens
sociais bem disciplinadas, os sistemas de domínio bem
lubrificados, para que o Capitalismo possa seguir
concentrando renda e causando desigualdade social
.


Tudo em nome de uma tal Liberdade, ou livre-iniciativa,
onde os que estão em cima sobem, e os que estão
embaixo, desçam. Tudo em nome de uma liberdade de
consumo sempre incentivada e esticada a cada novo
produto lançado no Mercado, a cada novo nicho de
consumidores, a cada nova moda e modinha, para que
nunca paremos de comprar e comprar, e endividar e
endividar, para manter tudo igualzinho – uns ganhando,
e outros perdendo.



Não haverá fim da pobreza nem igualdade no Capitalismo,
pois o sistema precisa de mão de obra barata, de desigualdade
inerente e intrínseca para manter um grupo dominando
e outros tantos esfomeados. Não há Democracia quando meia
dúzia de fidalgos controlam os meios de produção e
os meios de comunicação.



O Capitalismo funciona a gerar concentração de renda
as Grandes Corporações – através de Fusões – Monopólios –
Cartéis. São os tubarões engolindo (isto é, comprando)
peixinhos e engordando. (Tal a ciclópica OCP – de
“Robocop The movie” - que compra até órgãos do serviço
público, gerenciando a polícia, as prisões, etc)


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Coca-Cola comprou a Columbia Pictures,
investiu no Papai Noele declarou guerra à Pepsi Colahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Coca-Cola#Compra_da_Columbia_Pictures


mais sobre indústria do refrigerante emhttp://www.abir.org.br/article.php3?id_article=395.


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Fusão de Sadia e Perdigão


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Pão de Açúcar compra Casas Bahia


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Nestlé comprou a Parmalat e agora compra
empresa canadense Kraft Food's frozen pizza::::


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Mais sobre as Grandes Corporações


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Versão sério-cômica sobre História do Capitalismo
http://www.youtube.com/watch?v=bsBlSPzb1_c&NR=1
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por Leonardo de Magalhaens
poeta e pensador
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sábado, 21 de agosto de 2010

VENEZUELA: governo populista OU socialista ?




ensaio



Venezuela: governo populista ou socialista?

Uma política de assistencialismo aos pobres, num país com
terrível concentração de renda, por uma figura de carisma,
de um 'pai dos pobres'... onde? esperem, não estamos falando
do Brasil de Vargas nem do atual de Lula... Estamos falando
da Venezuela de Hugo Chávez, do Comandante Chávez.

Depois de golpes bem ou mal sucedidos, o militar venezuelano
Hugo Chávez conseguiu acesso ao poder num país onde os
ricos mandam e os pobres rastejam. Nenhuma novidade.
República de bananas é o que não falta na América Latina.
A Venezuela que importa tudo, e exporta apenas petróleo
bruto – sequer tem petroquímica autônoma...

O que o novo caudilho conseguiu? Chavez reuniu seus
apoiadores políticos num partido único em 2007, chamado
Partido Socialista Unido. O que tem de Socialista é
apenas o nome...
Mas o que trouxe celebridade mundial para Hugo Chavez
foi seu empate contra os 'democratas' EUA. Sim, o mesmo
que celebrizou Fidel Castro – que só se tornou 'socialista',
ou 'comunista', quando viu que somente a URSS poderia
ajudar o regime castrista, que era anti-EUA (os EUA que
sempre exploraram o povo cubano... Fidel sabe bem disso,
e nunca poderia ser coerente se seguisse uma política
pró-EUA...) Mas ser anti-EUA não significa ser 'socialista'
(senão Ahmadinejad, fundamentalista-populista, o líder do Irã,
seria 'socialista'....! dentre outros ditadores por aí...)

O militar Hugo Chávez chegou ao poder através da força –
de um golpe armado – que não é revolucionários, mas
desfechado de cima para baixo dentro da própria máquina –
uma 'quartelada', diríamos. Não foram as forças populares,
os movimentos sociais que constituíram um governo – estas
forças foram cooptadas para dentro do Estado chavista.

Usando a desculpas da reforma – mais social-democrata
que socialismo – o militar Chávez deseja aumentar sempre
a duração do próprio mandato – enquanto o ideal é um
rodízio de poder. O Poder não-coletivo corrompe, e mesmo
um 'esquerdista', como ele se diz, passa a usar o poder
em causa própria, em interesses de dominação.
É apenas outro 'caudilho' com máscara de 'esquerdista'.
No video o não-socialista Chavez diz que é possível uma
amálgama socialismo com pitadas de capitalismo – e sabemos ,
desde Karl Marx, que socialismo e capitalismo são mutuamente
impossíveis
. A nossa luta não é para manter o Capitalismo,
nem o Liberalismo, mas a democracia, se posível aquela
democracia direta – não a representativa, que precisa de uma
classe parasitária de políticos profissionais.

(Detalhe: os videos não são 100% confiáveis, aliás, nada
é 100% confiável)

Não consigo ver Chávez como um socialista. Um militar
só consegue pensar em nível de hierarquias. O que Chávez
quer é um poder mantido de cima para baixo, não uma real
participação popular. Ele diz REPRESENTAR os pobres –
o povão – mas , de fato, está reduzindo o poder popular.
Está concentrando em si-mesmo – tal como fizeram os
estalinistas, os maoístas, os castristas, os donos da Coreia
do Norte – todos a se proclamarem 'socialistas', mas
a traírem a 'revolução' se colocando no Poder.

O povo segue os líderes carismáticos e conseguem um fascismo
ou populismo – ou ambos, vejam o caso da Itália, na época do
Mussolini e agora no governo Belusconi – tudo mais sutilmente,
mais mascarado.

Populismo não é socialismo. O Populismo está mais próximo
do fascismo – pois tira o poder popular e o concentra num líder
que deve guiar a massa – através de políticas assistencialistas,
não de emancipação, nem governo popular.
Os dados positivos do governo chavista – redução do nível de
pobreza – de 49% em 1999 para 37% em 2005 – poderia ser
conseguido por uma política social-democrata do tipo
Welfare State nos países nórdicos – que não são socialistas,
mas um capitalismo amenizado, acolchoado, onde a exploração
é mascarada com salários mais altos, com comodidades para
a classe trabalhadora (que continua sem poder político,
sem democracia direta) com aumento de 'migalhas', numa
política de assistência, não de autonomia.

Contudo, para alguns esquerdistas
( a Esquerda hoje é segmentada em
miríades de seitas e sectarismos... )
as 'reformas' chavistas já são proto-socialismo
No mais, a figura de Símon Bolívar, no movimento
BOLIVARIANO é uma idealização do líder sul-americano,
que era um nacionalista, não um socialista.
Era mais um caudilho tipo 'déspota esclarecido',
do que mesmo um liberal. Querer elevar Bolívar ao pedestral
de santo, elevar o líder no altar, é ser contrário ao
poder popular – poder do povo, não de um Grande Homem –
é ser nacionalista, e dizer-se socialista.
Não sou chavista, castrista, maoísta, estalinista, leninista,
marxista... sou socialista. Não sigo líderes, não reverencio
líderes. O Poder deve ser um Poder Coletivo.
Enquanto socialista, defendo não o governo de um Homem
forte, carismático, líder messiânico, mas ao contrário, o
Governo Coletivo, compartilhado, sob a autoridade de
Conselhos de Trabalhadores.

Todo parasitismo deverá ser abolido. Classe burocrata, classe
política, classe militar, classe empresária – todos devem
trabalhar pelo compartilhamento das decisões – assim
não haverá usurpação, apropriações, privilégios.
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