quarta-feira, 23 de junho de 2010

Socialismo E Comunismo - distinções


Ensaio

Socialismo e Comunismo

É possível encontrar na mídia e nos livros didáticos algumas distinções entre 'socialistas' e 'comunistas'. Que o primeiro é um 'comunista moderado' e que o segundo é um 'socialista exaltado', ou que o socialista é um 'reformista' e que o comunista é um 'revolucionário'. Na verdade, ambos os grupos são muito próximos, são a 'Esquerda' do espectro político, pois lutam por igualdade e justiça social.

Mas há uma diferença: enquanto os socialistas acreditam na democracia (mas avançada que a 'democracia representativa liberal'), os comunistas insistem em defender uma 'ditadura do proletariado', e acusam os socialistas de 'reformistas' e 'oportunistas'. O 'radicalismo' dos comunistas é responsável pela 'extrema esquerda' que faz cessar o diálogo e leva assim ao 'totalitarismo' (de classe ou de partido).

Os socialistas (não meramente por 'reformismo') esperam conservar os melhores avanços políticos e tecnológicos da burguesia (e sua promessa de liberalismo), que é uma superação do absolutismo e clericalismo medieval, ao adotar a divisão de poderes (executivo/legislativo/judiciário), o Estado laico (separação Igreja - Estado), o habeas corpus (integridade humana), até o sistema de previdência (descentralizado, porém).

A questão do Estado: tanto comunistas quanto socialistas esperam um sistema político sem Estado, mas não chegam ao ponto de desejarem abolir de imediato a estrutura do Estado, como é o desejo dos anarquistas e dos radicais liberais. Na verdade, não há uma substituição coerente e justa da 'figura estatal', tão elogiada pelos fascistas (o Fascismo é um Estatismo. Disse o Duce Mussolini: “Tutto nello Stato, niente al di fuori dello Stato” (Tudo no Estado, nada fora do Estado”)

Porém, enquanto os 'fascistas' defendem o Estado hierárquico de cima-para-baixo, como um regime militarista, com clara distinção entre oficiais e soldados, quem manda e quem obedece; os socialistas desejam o Estado de baixo-para-cima, na forma dos 'conselhos'; os comunistas alegam a necessidade de uma 'ditadura do proletariado”. E os anarquistas esperam um não-Estado (ou no máximo uma estrutura não formal de 'federações' autônomas, não hierarquizadas -mas 'harmonizadas', ou seja, uma sociedade mais 'horizontal'.

Outra diferença básica entre Socialismo e Comunismo é a questão do Trabalho. E dos meios de produção. A quem pertence? O que cada um recebe? O Comunismo seria o fim da propriedade particular, e todos teriam o que necessitam (“A cada um segundo suas necessidades”). Seria o ideal, mas não é possível. Veremos. O Socialismo espera que cada um receba segundo o seu trabalho. Mas aí seria Capitalismo!, alguns dizem. Mas enquanto no Capitalismo existe uma desigualdade de oportunidade e de acesso às riquezas, pois “uns são mais iguais que outros”; no Socialismo, as oportunidades são mais equilibradas – todos tem o mesmo ponto de partida quanto aos critérios sócio-econômicos, as diferenças serão somente aquelas fisiológicas e as de caráter - e somente não trabalha quem não pode e quem não quer! Quem não quer trabalhar deve receber o mesmo que os trabalhadores?

Para isso é necessário dar um fim as divisões de trabalho: os que mandam e os que obedecem. Os que administram e os que trabalham realmente. E não exaltar uma classe sobre outra: dizer que o Proletariado é melhor que os Especialistas. Mas: acabar com Proletariado e com Especialistas. Findar as distinções: trabalho mental e trabalho braçal. Todos realizando ambas as 'modalidades' de trabalho: sendo pensado e sendo executado. Não transformar todos em 'proletários' – o que seria nivelar por baixo, um plebeísmo – mas possibilitar que todos sejam aptos ao trabalho metódico e manual. “Ditadura do proletariado” é um contra-senso: afinal, quem quer ser 'proletário'? Quem deseja uma 'ditadura'?

Quem defende uma 'ditadura do proletariado' apenas se prejudica. Não é uma 'propaganda', ou um 'slogan', muito promissor. O importante é desenvolver a democracia e acabar com a exploração do trabalho.
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por Leonardo de Magalhaens
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