DEMOCRACIA E ECOLOGIA
Umas das preocupações do novo Milênio é a tentativa de equilibrar
o discurso ecológico com o interesse econômico. Manter um nível de
produção e consumo, e ao mesmo tempo, assegurar a conservação do
meio ambiente em escala global.
Obviamente surgem dificuldades. O sistema capitalista vive da
produção e do consumo, gerando descartáveis e lixo em escala nunca
dantes vista! As pesquisas atuais levam em considerações as
conversações na Conferência Rio-92, com seus tratados que não
saíram do papel, e com as medidas paliativas da Conferência de Kyoto,
a que perdeu força devido a intransigência dos norte-americanos
quanto às cotas de emissão de carbono.
Essa necessidade de ‘preservação’, em seu aspecto “idealista”,
surgiu na geração pós-Segunda Guerra, com seu ecologismo
“peace and love” do movimento hippie, do desejo de voltar à natureza,
uma vez que a “civilização” é repressora e artificial. Mas nada propunham
de “alternativo” além de um estilo de vida, dissociado do sistema
econômico. Assim, muitas dessas comunidades não puderam se
manter, a menos que reduzissem o número de agregados. Ou seja,
o hippie é ‘excludente’ por excelência. Não é um estilo de vida que possa
ser estendido a toda a sociedade. A Revolução Industrial, desde o
século 18, criou um mundo sem retorno. Qualquer ruptura seria um
cataclisma.
Assim como seria um cataclismo a manutenção dos níveis de
produção e consumo. Se todos os países e povos consumissem como
os países e povos do dito Primeiro Mundo, os recursos globais já
teriam se esgotado e todos estaríamos vivendo numa enorme lata de
lixo! Logo, é hipocrisia falar em “conciliação”. Ou se aplica um freio
ao capitalismo ou se preserva a natureza. Fora isso, o “ecologismo”
seria outra ‘ideologia’ para vender produtos.
Com os problemas energéticos, toda uma gama de empresas pas-
saram a pesquisar as “fontes alternativas de energia”, como a aéolica
(a do vento), a solar (de painéis solares), dos ‘biofuels’ (tipo gás metano),
para evitar a queima dos combustíveis fósseis (o petróleo e derivados)
e o uso limpo, porém deveras perigoso, pois instável, da energia nuclear
(espectral desde o acidente de Tchernobyl, em 1986, na Ucrânia.) A
busca do “combustível ideal” apenas começou, uma vez que as com-
versações globais são no sentido de “reduzir as emissões de compostos
de carbono” que geram o chamado “efeito estufa” (greenhouse effect),
provocando uma elevação da temperatura da Terra, o famigerado
“Aquecimento Global” (Global Warming)
As conferências se sucedem (a mais atual em Durbai) como uma
epopéia diplomática, enquanto os setores particulares cooptam todo
um leque de profissionais (os técnicos em meio ambiente) para asses-
sorar as linhas de produção e diminuir os danos ambientais. Tudo muito
gradativo e paliativo. Nenhuma mudança estrutural significativa. Não
há adesão popular ao problema.
Alertadas sobre a emissão de gás carbono e excesso de queimadas e
acúmulo de lixo, as autoridades tem sido levadas à demagogia e às inter-
venções “pra inglês ver”. Pois os reflorestamentos não renovam as áreas
desmatadas, resolvendo apenas o problema da próxima geração de
árvores a serem cortadas (logo, preocupação comercial!) e os recursos
hídricos não são preservados (uma vez que não se ‘renovam’ lençóis
fleáticos e assemelhados), o que torna mero discurso essa de
“preservação das fontes e mananciais”, quando os terrenos onde
se instalam os “lixões” sequer recebem sondagens para determinação
Umas das preocupações do novo Milênio é a tentativa de equilibrar
o discurso ecológico com o interesse econômico. Manter um nível de
produção e consumo, e ao mesmo tempo, assegurar a conservação do
meio ambiente em escala global.
Obviamente surgem dificuldades. O sistema capitalista vive da
produção e do consumo, gerando descartáveis e lixo em escala nunca
dantes vista! As pesquisas atuais levam em considerações as
conversações na Conferência Rio-92, com seus tratados que não
saíram do papel, e com as medidas paliativas da Conferência de Kyoto,
a que perdeu força devido a intransigência dos norte-americanos
quanto às cotas de emissão de carbono.
Essa necessidade de ‘preservação’, em seu aspecto “idealista”,
surgiu na geração pós-Segunda Guerra, com seu ecologismo
“peace and love” do movimento hippie, do desejo de voltar à natureza,
uma vez que a “civilização” é repressora e artificial. Mas nada propunham
de “alternativo” além de um estilo de vida, dissociado do sistema
econômico. Assim, muitas dessas comunidades não puderam se
manter, a menos que reduzissem o número de agregados. Ou seja,
o hippie é ‘excludente’ por excelência. Não é um estilo de vida que possa
ser estendido a toda a sociedade. A Revolução Industrial, desde o
século 18, criou um mundo sem retorno. Qualquer ruptura seria um
cataclisma.
Assim como seria um cataclismo a manutenção dos níveis de
produção e consumo. Se todos os países e povos consumissem como
os países e povos do dito Primeiro Mundo, os recursos globais já
teriam se esgotado e todos estaríamos vivendo numa enorme lata de
lixo! Logo, é hipocrisia falar em “conciliação”. Ou se aplica um freio
ao capitalismo ou se preserva a natureza. Fora isso, o “ecologismo”
seria outra ‘ideologia’ para vender produtos.
Com os problemas energéticos, toda uma gama de empresas pas-
saram a pesquisar as “fontes alternativas de energia”, como a aéolica
(a do vento), a solar (de painéis solares), dos ‘biofuels’ (tipo gás metano),
para evitar a queima dos combustíveis fósseis (o petróleo e derivados)
e o uso limpo, porém deveras perigoso, pois instável, da energia nuclear
(espectral desde o acidente de Tchernobyl, em 1986, na Ucrânia.) A
busca do “combustível ideal” apenas começou, uma vez que as com-
versações globais são no sentido de “reduzir as emissões de compostos
de carbono” que geram o chamado “efeito estufa” (greenhouse effect),
provocando uma elevação da temperatura da Terra, o famigerado
“Aquecimento Global” (Global Warming)
As conferências se sucedem (a mais atual em Durbai) como uma
epopéia diplomática, enquanto os setores particulares cooptam todo
um leque de profissionais (os técnicos em meio ambiente) para asses-
sorar as linhas de produção e diminuir os danos ambientais. Tudo muito
gradativo e paliativo. Nenhuma mudança estrutural significativa. Não
há adesão popular ao problema.
Alertadas sobre a emissão de gás carbono e excesso de queimadas e
acúmulo de lixo, as autoridades tem sido levadas à demagogia e às inter-
venções “pra inglês ver”. Pois os reflorestamentos não renovam as áreas
desmatadas, resolvendo apenas o problema da próxima geração de
árvores a serem cortadas (logo, preocupação comercial!) e os recursos
hídricos não são preservados (uma vez que não se ‘renovam’ lençóis
fleáticos e assemelhados), o que torna mero discurso essa de
“preservação das fontes e mananciais”, quando os terrenos onde
se instalam os “lixões” sequer recebem sondagens para determinação
de profundidades das águas de subsolo.
Uma problemática que se mostra perigosa, pois recebe “tratamento”
tardio. O capitalismo não se preocupou nem um pouco com a conser-
vação, uma vez que cercou e desmatou áreas, eliminou espécies animais
e vegetais (levou muitas à extinção!), devastou regiões inteiras com ativi-
dades extrativistas mineradoras, promoveu uma produção contínua de
mercadorias que, logo descartadas, geram montes everests de lixo, que
demoram séculos para se decomporem.
O clamor pelos “biodegradáveis” bem mostra o nível de desespero
(igual a proliferação dos ‘diet’ e ‘light’ com a onda de obesidade e elevação
dos casos de enfartes) sem real mudança estrutural, uma vez que inventar
sacolinhas e garrafas biodegradáveis não resolve o problema do ‘consu-
mismo’, que é justificado para a existência da produção. Um ciclo vicioso,
portanto. Produção necessária para criar renda e emprego, e consumo
estratosférico para absorver os níveis de produção. Cada vez se produz
mais, e se consome em excesso. Ocorre aqui uma ‘necessidade’ retroali-
mentada. Ou seja, a medida que a produção cresce, “criam-se” neces-
sidades (principalmente através da propaganda comercial)
No fundo, o que ocorre? Uma preocupação com a preservação
ambiental ou uma ânsia de novos lucros? “Não me interessa ser
ecológico, desde que eu ganhe com isso”, ou ainda, “se ajudo a ecologia,
tudo bem, mas meu interesse é o lucro”, assim pensam muitos
Uma problemática que se mostra perigosa, pois recebe “tratamento”
tardio. O capitalismo não se preocupou nem um pouco com a conser-
vação, uma vez que cercou e desmatou áreas, eliminou espécies animais
e vegetais (levou muitas à extinção!), devastou regiões inteiras com ativi-
dades extrativistas mineradoras, promoveu uma produção contínua de
mercadorias que, logo descartadas, geram montes everests de lixo, que
demoram séculos para se decomporem.
O clamor pelos “biodegradáveis” bem mostra o nível de desespero
(igual a proliferação dos ‘diet’ e ‘light’ com a onda de obesidade e elevação
dos casos de enfartes) sem real mudança estrutural, uma vez que inventar
sacolinhas e garrafas biodegradáveis não resolve o problema do ‘consu-
mismo’, que é justificado para a existência da produção. Um ciclo vicioso,
portanto. Produção necessária para criar renda e emprego, e consumo
estratosférico para absorver os níveis de produção. Cada vez se produz
mais, e se consome em excesso. Ocorre aqui uma ‘necessidade’ retroali-
mentada. Ou seja, a medida que a produção cresce, “criam-se” neces-
sidades (principalmente através da propaganda comercial)
No fundo, o que ocorre? Uma preocupação com a preservação
ambiental ou uma ânsia de novos lucros? “Não me interessa ser
ecológico, desde que eu ganhe com isso”, ou ainda, “se ajudo a ecologia,
tudo bem, mas meu interesse é o lucro”, assim pensam muitos
empresários, cinicamente. Pensam na ‘biodiversidade’ como outro
lucro, no patenteamento de ervas com fins medicinais, etc. e alegam
a necessidade de proteger a Amazônia tanto dos madeireiros e
garimpeiros, quanto dos exploradores ‘gringos’.
Muitos passam a investir em biofuels (biocombustíveis), ou em
energia solar, ou instalam hectares com hélices ao vento, ou aderem
aos “créditos de carbono”, na promessa de reduções, enquanto tonela-
das de garrafas são jogadas em rios, sem reciclagem, ou infinidades de
pneus formam colinas nos subúrbios, ou peças descartadas se acumulam
em ferro-velhos, ou oceanos de celulares usados mostram o nível de
descarte e desperdício de um sistema sem planificação.
É um quadro desolador. Somente a vontade popular pode dar
legitimidade à uma verdadeira reação. É necessário viabilizar os instru-
mentos democráticos para que as soluções possam surgir. Caso contrário,
a impossibilidade de um discurso ecológico conviver com os atuais níveis
de produção e consumo. Seria necessário frear ou planificar o atual
sistema econômico, e seu exagero de mercadorias, senão o “ecologismo”
não passará de oura ‘ideologia’, e vai parar na “lata de lixo da História”,
junto com o anarquismo, o bolchevismo, o movimento hippie.
Muitos passam a investir em biofuels (biocombustíveis), ou em
energia solar, ou instalam hectares com hélices ao vento, ou aderem
aos “créditos de carbono”, na promessa de reduções, enquanto tonela-
das de garrafas são jogadas em rios, sem reciclagem, ou infinidades de
pneus formam colinas nos subúrbios, ou peças descartadas se acumulam
em ferro-velhos, ou oceanos de celulares usados mostram o nível de
descarte e desperdício de um sistema sem planificação.
É um quadro desolador. Somente a vontade popular pode dar
legitimidade à uma verdadeira reação. É necessário viabilizar os instru-
mentos democráticos para que as soluções possam surgir. Caso contrário,
a impossibilidade de um discurso ecológico conviver com os atuais níveis
de produção e consumo. Seria necessário frear ou planificar o atual
sistema econômico, e seu exagero de mercadorias, senão o “ecologismo”
não passará de oura ‘ideologia’, e vai parar na “lata de lixo da História”,
junto com o anarquismo, o bolchevismo, o movimento hippie.
Nota: A Internet é farta em informações sobre cada uma das medidas
aqui mencionadas, daí o não aprofundamento específico sobre cada
uma. Excederia o objetivo do ensaio. A leitura dos protocolos é reco-
mendada, para constatação do lapso entre o ‘ideal’ e o ‘real’.
Jan/08
Leonardo de Magalhaens
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